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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Porque há mais negros atrás das grades, do que nas faculdades?*

Temos um dia, o 20 de novembro, mas somos negros o ano todo: polícia nos dando geral, olhos desconfiados na rua ou quando se entra em loja, piadas sobre nós, e os termos e frases pejorativas: “mercado negro”, “denegrir a imagem”, “fase negra”, “nuvens negras”; dados e mais dados negativos todo o ano denunciando a desigualdade a qual vivemos. Eu sou missigenado, mas o meu lado negro é o que prevalece. Mas, num tempo passado, ser miscigenado era motivo de vergonha, no tempo do cativeiro, miscigenado era sinônimo que sua mãe tinha sido estuprada pelo senhor do engenho. Hoje muitos afro-descendentes não assumem a sua postura de negro e preferem se auto-definir “moreno”, mulato. Aliás, o termo Mulato é racista pacas, vem de mula + ato: cruzamento de burro com cavalo que gera a mula, uma terceira coisa estéril. Credo, eu não sou isso não! Um dia estava vendo umas revistas numa banca, aí tinha um senhora do lado (branca) e falou assim para outra senhora quando viu a revista Raça: - Nossa! Que revista racista, só tem negro nela. É só para negro. E as outras raças? E se tivesse uma revista só de branco o que iam dizer? Eu olhei para ela e falei: - Minha senhora, você acha que a revista Raça é racista porque só tem negro. Então vamos medir o racismo. Me acha, além dela, outra revista aqui, entre estas 50 na banca, que tem um negro na capa? Ela olhou, olhou e não tinha nenhuma. - Tá vendo dona? Só tem revista com branco sorrindo nas capas aqui e a senhora me fala que a Raça que é racista? Ela ficou sem graça, mas disse assim (aquele velho papo): - Eu não sou racista, tenho um monte de amigos negros! - Tá bom, tia! Vocês acham que negros são perigosos. Michael Moore, cineasta e autor do livro Stupid White Man, fala que o que dá medo nele é encontrar um branco na rua, sem se esquecer de que ele também é branco! Quantos negros são presidentes de partidos? Quantos negros realmente são presidentes de sindicatos? Excluindo os que ficam de figura decorativa, pois o restante todo da diretoria nem preciso falar quem é. Eu fui presidente da União Campineira de Estudantes Secundaristas em 98. Numa reunião para decidir meu nome para a presidência ouvi de uma importante liderança estudantil que eu não tinha o perfil para ser presidente (talvez por ser negro, pobre e mano). Na época, em minha cidade, ser do movimento estudantil era, basicamente, ser classe média, branco e estudar em colégio particular. Sorte que esta concepção se perdeu apesar de alguns não terem se dado conta disso. E fui eleito com o voto de uma maioria de brancos. Há o maior alarde em torno de quem começou o movimento dos trabalhadores no Brasil foram os imigrantes europeus. Mas, meu irmão, quem começou a organizar os trabalhadores foram os negros escravos que lideravam as revoltas e fugiam das fazendas e montavam seus quilombos Estes, sim, foram os primeiros a fazer movimento e revolta de trabalhadores no Brasil. Muita coisa se fala do Holocausto judeu (aliás, para ganhar Oscar em Hollywood basta fazer um filme sobre o assunto) e seus cerca de 6 milhões de inocentes mortos pelo regime nazista de seu líder psicopata Hitler e quase nada se fala no maior genocídio da história da humanidade, onde estudiosos estimam que cerca de 300 milhões de negros foram mortos ou extirpados de suas terras na época da escravatura, liderada pelos impérios europeus. Uma vez um mano do movimento negro perguntou se eu militava no movimento. Falei que sim, mas disse que antes de ser do movimento negro sou primeiro um negro em movimento! Sacô? O dilema é ser quem? Ter o ódio do Mano Brown, ou o amor do Bob Marley? Ser Martin Luther King ou Malcon X? Ou ser um pouco de cada um? Alguns acham que o racismo brasileiro é pior que o americano, pois lá não é disfarçado como aqui, lá o racismo é descarado. Lá pelo menos você sabe quem é o inimigo. A pior coisa que tem é você ir para a guerra e não ver quem está em suas costas. O inimigo se disfarça por aqui. Mas, por outro lado, não vivemos separados em guetos raciais. Os guetos daqui são por classe social: pobres brancos também moram em favelas, mas nós sabemos quem é a maioria por lá! Aqui no Brasil a questão do negro é polêmica! Pandeiro ou a bola pra sair da pobreza. Se você colocar num quarto um oriental, um branco, um indígena e um negro, apagar as luzes e pedir para todos eles dizerem as palavras: amor, igualdade e união. Você não vai saber qual é a cor da pessoa que disse. Todos nós queremos este lema, mas temos que pôr isto em prática. * Body Count - banda de Hard Core, formada por negros.

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